Foi aberto ontem à noite no Cesumar o IX Seminário Nacional dos Centros Universitários, trazendo para Maringá durante três dias o foco dos debates em torno de assuntos que preocupam educadores na formação do ensino superior. No encontro estão presentes reitores, diretores e professores de centros universitários de todo o Brasil, representantes do MEC e do Conselho Nacional de Educação (CNE).
O Secretário da Educação Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, representou o ministro da educação na abertura do evento. Ele lembrou o último censo da educação - divulgado semana passada - indicando que o número de estudantes no ensino superior cresceu de 3,4 para 6,4 milhões, mas disse que é preciso ainda incluir outros 5 milhões de jovens nas universidades brasileiras até 2020.
Costa enfatizou a necessidade das instituições privadas, afirmando que "não existe sistema público capaz de responder por isso". Ele citou Maringá como exemplo. "O que vem acontecendo aqui é a síntese do que queremos no Brasil. Temos uma universidade pública de excelente qualidade e também um centro universitário privado de excelente qualidade."
De acordo com o secretário, "esse é o modelo que nós precisamos no Brasil". Ele disse também que não dá mais para o país ter "sobressaltos políticos na educação". "Muito mais que um plano nacional de educação, precisamos ter um sistema muito bem definido para poder trabalhar", acrescentou.
Para Costa, os centros universitários são importantes dentro de suas especificidades, de manter um ensino de qualidade e extensão para a comunidade, sem tanto a necessidades de pesquisa. "Mas precisamos crescer no público e no privado e os dois segmentos se complementarem", defendeu.
O secretário também ressaltou a necessidade de aprimorar os mecanismos de regulação e qualidade do ensino superior e colocou que o Brasil vive um momento distinto, na economia, na cultura e tem condições de fazer grandes avanços na educação.
Outro lado
O Seminário dos Centros Universitários é uma promoção da Anaceu (Associação Nacional dos Centros Universitários) e tem como preocupação principal discutir as tendências e perspectivas de inovações da educação superior. Em número de 160 hoje no país, os centros universitários respondem por 14% das matrículas no ensino superior, mas querem também uma ampliação de sua autonomia.
Esta é uma preocupação apresentada pelo reitor do Cesumar, Wilson de Matos Silva. Segundo ele, para crescer "é preciso termos qualidade, autonomia e financiamento". O reitor disse que os centros universitários já deram prova de sua maturidade, mas "vivem ainda engessados a ponto de não poderem abrir extensões fora de sua cidade sede".
Outra questão em pauta, que é o sistema de avaliação das universidades, também foi lembrada. Para o presidente da Anaceu, Paulo Antonio Gomes Cardim, é preciso haver melhorias no sistema do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), que compõe a avaliação das universidades com um peso muito alto, segundo ele, "penalizando aquelas instituições em que os estudantes boicotam o exame por falta de consciência".
Ao secretário da Educação Superior, foi entregue um pedido da Anaceu para o ministro da educação, solicitando a incorporação definitiva da tipologia dos centros universitários - ainda hoje regulados por decreto - à Lei da Educação Superior.
Programação
A programação do Seminário Nacional dos Centros Universitários prossegue até nesta sexta-feira à tarde com debates que vão dos desafios das IES na segunda década do século XXI, ao sistema de avaliação da educação superior como referencial da qualidade. Sexta pela manhã estará presente a coordenadora de Avaliação de Cursos de Graduação e Instituições de Ensino Superior do INEP, Sueli Aparecida Silveira.
O seminário encerra-se com a elaboração e apresentação de um documento contendo as sugestões definidas durante o encontro para a melhoria da educação superior.