Depois de três meses diagnosticada com a Covid-19, a cuidadora de idosos Paulina Gonçalves, de 66 anos, ainda sofre com as sequelas causadas pela doença. Entre os sintomas apresentados, a perda do paladar insiste em permanecer. “Adorava tomar café e nem tomo mais porque não sinto o sabor. Depois de ter a Covid-19 não consigo mais sentir o gosto e o cheiro das coisas. É muito ruim cozinhar e não provar”.
O caso de Paulina é comum entre pessoas que contraíram Covid-19. De acordo com um estudo feito por pesquisadores da Universidade Americana Virginia Commonwealth, 80% dos pacientes infectados pelo vírus apresentaram a perda do paladar, conhecida cientificamente por ageusia. A pesquisa realizada com 3 mil pacientes, avaliou que 20% dos infectados não recuperaram o paladar em até 6 meses, mostrando que o número de pessoas que sofrem diariamente com as sequelas do vírus ainda é alto.
Foi pensando nisso, que alunas de Odontologia da UniCesumar Curitiba idealizaram uma pastilha efervescente que tem como objetivo reverter sequelas causadas pela Covid-19, inclusive estimular as papilas gustativas e melhorar a percepção do gosto dos alimentos. De acordo com a equipe à frente do projeto, a pastilha poderá aumentar muito a qualidade de vida não só daqueles com sequelas da Covid-19, mas de qualquer indivíduo que apresente perda de paladar, como pacientes oncológicos.
De acordo com as alunas Milena Ferreira e Thamires Barbosa, a ideia do projeto surgiu durante as aulas do curso de Odontologia, a partir de estudos sobre alterações bucais em decorrência da pandemia. Foram observados muitos relatos de perda de paladar como, sendo esse um dos sintomas mais persistentes da doença. As alunas responsáveis pelo projeto explicam que a perda do paladar pode ocorrer durante a infecção pela doença e permanecer por um tempo indeterminado, comprometendo significativamente a qualidade de vida dos que contraíram a doença.
“A falta do paladar pode causar aversão à comida podendo levar o paciente a perda de peso, como também, a falta de percepção das condições dos alimentos para consumo”, destacam as alunas. Esse é o caso da Paulina, que reconhece a importância da pesquisa e acredita em seus benefícios. “Além de ajudar muito as pessoas como eu, seria maravilhoso poder voltar a tomar café com a mesma satisfação de antes”, relatam.
A pesquisa está sendo desenvolvida como Projeto de Iniciação Científica (PIBIC) da UniCesumar de Curitiba e é orientada pela professora Camila Paloma Pinto, do curso de Odontologia. Para ela, além de o projeto auxiliar e minimizar os danos bucais causados pela pandemia, ele contribui com o aumento da qualidade de vida e conforto dos indivíduos”, afirma Camila.
Já para a coordenadora do curso de odontologia, Andrea Malluf Dabul, é muito importante que a Instituição apoie a ciência e ofereça sua estrutura para realização de projetos práticos de alunos. “Os incentivos são dados, pois acreditamos que além de graduar cirurgiões-dentistas, temos a responsabilidade de formar cidadãos que possam atuar de forma crítica, humana e consciente, para que, desta forma, exerçam um papel transformador na sociedade”, conclui Andrea.
Por enquanto, o projeto está na fase de levantamento de dados científicos e desenvolvimento da pastilha, para posterior coleta dos dados finais. Após isso, serão iniciados os testes de eficácia da pastilha.