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“Estudar comunicação é entender o papel dela na constituição da sociedade”, reforça a jornalista Juliana Lima

Em entrevista, coordenadora dos cursos de Comunicação da UniCesumar aborda desde o combate às fake news até a importância de profissionais sérios e éticos em momentos como a pandemia de Covid-19

A expansão das possibilidades de comunicação no Brasil é notável e isso se deve, em grande parte, pelo crescimento do acesso à internet e aos smartphones, bem como pela popularização das redes sociais. Segundo a pesquisa TIC Domicílios, quase 134 milhões de brasileiros possuíam acesso à internet no ano passado.

No entanto, essa facilidade causada pela eclosão da internet traz consigo um elemento negativo, que tem se tornado cada vez mais recorrente: as fake news, especialmente relacionadas à instabilidade política e à pandemia de Covid-19. De acordo com a pesquisa realizada pela Avaaz em maio deste ano, 110 milhões de pessoas foram atingidas por notícias falsas sobre o novo coronavírus no Brasil.

Torna-se, portanto, ainda mais importante a valorização do conteúdo crível e responsável, produzido por meio do trabalho de profissionais devidamente capacitados para a prática. Tal importância é reafirmada pela jornalista Juliana Lima, formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenadora dos cursos de Comunicação da UniCesumar.

Em entrevista sobre o tema, Juliana, que também é especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e doutoranda em Linguística pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), ressalta essa responsabilidade em todas as formas de conteúdo, desde informativos até nas produções publicitárias. Ela destaca também a graduação em Comunicação e Multimeios, uma possibilidade que reflete as demandas por informação de uma sociedade globalizada.

UNICESUMAR: Com a popularização das redes sociais, as pessoas passaram a ter mais facilidade para acessar e até mesmo produzir conteúdo. Nesse contexto, de que maneira a formação em comunicação é algo a ser destacado e valorizado?

Juliana Chagas, jornalista e coordenadora dos cursos de Comunicação da UniCesumar (Foto: Arquivo pessoal)

Juliana Chagas, jornalista e coordenadora dos cursos de Comunicação da UniCesumar (Foto: Arquivo pessoal)

JULIANA LIMA: Hoje, todo mundo que tem um celular, tem uma câmera na mão e acha que é capaz de "ser seu próprio veículo de comunicação".  Mas estudar comunicação é muito mais do que saber gravar um vídeo ou publicar um Story engraçado no Instagram – é entender qual é o papel da comunicação na constituição de uma sociedade, quais são os fluxos sociais, mercadológicos e éticos envolvidos nessa atividade. Quando as pessoas veem um influencer nas redes sociais, não imaginam o que está por trás daquela produção, quantos profissionais estão envolvidos naquela ação e quais as reais intenções daquele conteúdo.

Muitas vezes, por conta de aspectos técnicos, o conteúdo de qualidade perde lugar para aquele que teve uma maior divulgação. Faz parte da vida do profissional de comunicação saber quais meios de comunicação utilizar e como fazê-lo com qualidade, estratégia e responsabilidade, entendendo que cada ação gera milhões de reações e entender que há limites, há ética e há regulamentação.

Neste período de pandemia, o acesso a informações verídicas e confiáveis se mostrou ainda mais necessário. Como o profissional de comunicação pode se apropriar dessa necessidade para realizar seu papel social?

Com a pandemia, quem entende o papel da comunicação na sociedade sabe da importância da imprensa e da informação de qualidade – mas muitas pessoas ainda não se deram conta disso, preferindo acreditar naquilo que circula no WhatsApp, vindo de fontes duvidosas. Muita gente não sabe que a imprensa séria só divulga aquilo que já foi checado, conferido, comprovado antes. Não é pura especulação, pois os profissionais da imprensa seguem um código de ética que tem, como objetivo final, informar de forma a contribuir com a manutenção de uma sociedade democrática. Hoje, infelizmente vemos um descrédito dos veículos de comunicação e uma crença cega nas fake news por grande parte da população. Nosso papel é lutar para que o bom conteúdo seja valorizado, para que as pessoas entendam a importância de consumir informação produzida por veículos de imprensa profissionais. Com isso, valorizamos os profissionais sérios e éticos.

O ramo de Publicidade e Propaganda é dominado pelo ato de vender por meio da mensagem. No entanto, nota-se um crescimento do número de ações publicitárias voltadas à responsabilidade social e à conscientização de causas importantes. Como isso reflete na formação desse profissional?

Não é só de vender que vive a publicidade! O trabalho do publicitário é muito mais do que isso. Envolve, sim, a persuasão, mas baseada em estratégia e planejamento, e embasada por uma visão que privilegia a sociedade e, principalmente, as pessoas que fazem parte dela.  No caso de ações de responsabilidade social, são utilizados conhecimentos técnicos e também uma visão humanística da sociedade como um todo. As habilidades do profissional de comunicação são essenciais para valorizar os aspectos que tornam uma causa relevante para a sociedade, promovendo, por exemplo, ações que permitam que mais pessoas se envolvam e contribuam com ela. Não podemos esquecer que a comunicação é um elemento transformador da sociedade.

Comunicação e Multimeios é uma novidade nas opções de graduação da UniCesumar, mas é um curso que tem uma história recente. Diante da convergência de formatos e linguagens causadas pela globalização e democratização do conteúdo, qual é a importância de formar profissionais com competências variadas?

O curso de Comunicação e Multimeios representa exatamente isso: uma convergência das diversas habilidades que o profissional de comunicação precisa ter na atualidade. Hoje, precisamos de profissionais com múltiplas competências, múltiplas habilidades, e é isso que o curso proporciona.

Quem atua na área de comunicação hoje precisa ter um grande conhecimento sobre o meio digital, é claro, mas ao mesmo tempo não pode perder de vista tudo aquilo que os meios de comunicação "tradicionais" nos ensinaram: a qualidade que o conhecimento sobre cinema traz para a produção de vídeo, sobre história da arte e design para os projetos gráficos, sobre linguagem e narrativas para escrever bons textos...

Não se trata de aprender a usar as ferramentas, como uma rede social, por exemplo, mas entender o motivo, o porquê de utilizá-las. Esse, sim, é um conhecimento perene.

O curso é novo, mas traz para o acadêmico toda a bagagem que ele precisa ter para se diferenciar como um profissional de comunicação com um conhecimento mais aprofundado, em um mundo em que tudo é muito raso e volátil. A formação humanística que o curso proporciona permite uma visão mais ampla sobre o papel da comunicação na sociedade, que olha para a transformação digital com uma base muito firme sobre tudo o que a comunicação representa e já representou em todas as outras transformações mundiais.

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