Formada em Moda e Artes Visuais pela Unicesumar há cinco anos e hoje doutoranda da Escola de Comunicação e Artes da USP, a designer maringaense Annelise Nani da Fonseca participará, na quinta feira 6 de Junho, da 8ª edição do Paraná Business Collection, concurso que revela os novos talentos da moda no Paraná. Anne foi selecionada com a coleção Grife do Grafitti , inspirada no trabalho dos artistas plásticos Gustavo e Otávio Pandolfo, conhecidos como Os Gêmeos.
Professora atualmente do curso de pós-graduação em Varejo e Stylist de Moda da Unicesumar e do curso de Artes Visuais da UEM, Annelise pesquisa o ensino da moda com ênfase no processo criativo. Por isso, conta que seu interesse em concursos como esse vem para endossar sua própria pesquisa e levar a ela o exercício entre teoria e prática e diz: "assim, para pesquisar o processo criativo, também é preciso criar".
A estilista explica que escolheu o tema dos Gêmeos porque sempre que visitava as exposições da dupla pensava: "isso dá uma coleção, porque ainda ninguém fez?. Eles são tão cosmopolitas que vejo produtos para todos os públicos, infantil, feminino e masculino. Vejo bolsas, vejo roupas, produtos de cama, mesa e banho".
A coleção tem forte apelo à sustentabilidade, mas não é limitada ao uso de fibras naturais. Materiais descartados pela indústria, cores indesejadas e botões empoeirados ganham vida nas criações de Anne. Isso justifica a escolha do tema: o trabalho da dupla de artistas, que também se apropria dos materiais de rua para fazer arte.
"Como nasci dentro de confecção, e brincava no estoque, observo os tecidos parados e me incomodo. Acho o raciocínio dos gêmeos parecido, eles observam as paredes cinzas e as colorem. Vejo os rolos de tecido com o 'estigma de encalhado', de que não vendem e transformo em roupas", relata a estilista.
O estilo das peças ainda segue o estilo da arte de Os Gêmeos. Uma profusão de cores, de mistura de estampas, de modelagens tradicionais. Camisaria, calças e vestidos de babados, em uma atmosfera lúdica, surreal, conforme comenta a professora: "Eu os admiro na forma poética como retratam temas como a desigualdade social e a criminalidade, não mascaram a realidade, mas a denunciam com encanto, com muita cor. As roupas que fiz são assim, tecidos rejeitados, reinterpretados não sobre a égide ditatorial da moda, mas sobre o voo livre do meu processo criativo. Como os personagens criados por Gustavo e Otávio: marginais, excluídos da sociedade, mas com uma história, com um nome, mesmo que todos retratados pelo mesmo filtro amarelo".