Unicesumar
Unicesumar

“A empatia é necessária para desenvolver uma relação produtiva entre médico e paciente”, enfatiza a coordenadora do curso de Medicina da UniCesumar

Em tempos de pandemia de Covid-19, a professora Dra. Ana Maria Moraes ressalta a importância de promover uma formação humanizada para alunos, futuros médicos da sociedade

Alguns momentos na história deixam ainda mais explícita a importância dos profissionais de saúde e de como o trabalho deles é elementar para a sociedade. Em tempos de pandemia de Covid-19, as reações em todo o mundo se concentram em duas frentes: a gratidão pela coragem e a torcida pelo sucesso deles, com atenção especial aos médicos e enfermeiros.

E eles têm dimensão desse compromisso. Aliás, essa é uma verdade estabelecida quando ainda estão se preparando para exercer a profissão, como ocorre, por exemplo, no curso de Medicina da UniCesumar. Por meio da união entre a teoria e a prática, os estudantes aprendem não só as capacidades técnicas da atuação médica, mas também o impacto disso na vida das pessoas.

A professora Dra. Ana Maria Silveira Machado de Moraes, coordenadora do curso, atua como médica há 37 anos e chegou à Medicina da UniCesumar em 2016. O relato dela deixa claro: as expressões “aprendizado”, “empatia” e “ser humano” fazem parte da rotina dos futuros médicos desde o início da jornada.

Na entrevista a seguir, a coordenadora explica a maneira diferenciada de aprendizado dos estudantes da Instituição e a importância dessa formação acadêmica e prática, especialmente diante de momentos de crise.

UNICESUMAR: Todas as profissões necessitam, em algum nível, de contato com as pessoas, mas na Medicina isso é um fator fundamental. De que maneira essa empatia com o outro é trabalhada com os alunos?

Medicina UniCesumar

Dra. Ana Maria Moraes na "Cerimônia do Jaleco", em outubro de 2019 (Foto: Divulgação UniCesumar)

DRA. ANA MARIA MORAES: Na Medicina, é muito importante a relação médico-paciente. Ela determina a adesão do paciente ao medicamento, ao processo de investigação diagnóstica e aos procedimentos terapêuticos, especialmente nas doenças graves ou crônicas. Sem essa relação adequada, o médico não obtém informações, o paciente não tem a confiança que ele precisa ter no médico e, por isso, ele não conta tudo o que precisa contar. Então, essa relação é fundamental para um bom desempenho do profissional.

Na Medicina da UniCesumar, nós trabalhamos essa situação em duas vertentes: nos módulos temáticos, por meio da metodologia ativa de tutoriais, e nas disciplinas denominadas “Interação Comunitária” e “Habilidades Clínicas”, em que essa relação médica é tratada especificamente como conteúdo. Nos tutoriais, o que ocorre são reuniões em pequenos grupos, nos quais os alunos têm a oportunidade de conviver uns com os outros, com diferenças e fragilidades, enfrentar dificuldades e propor mudanças. Isso é uma forma de trabalhar a formação desse indivíduo para dividir opiniões, participar de grupos e aceitar posicionamentos contrários.

A outra forma é nas disciplinas de Interação Comunitária e Habilidades Clínicas, que são ofertadas do 1º ao 4º ano. Nas duas primeiras séries, é trabalhada a relação do aluno com o ambiente, com o coletivo. Então, eles visitam famílias, as unidades básicas de saúde, as comunidades e as escolas para interagirem com as pessoas, que não devem ser vistas somente como pacientes. Nisso, os alunos começam a entender como as pessoas vivem, as relações familiares e as dificuldades, o que os ajuda a criar a empatia. O aluno deve perceber que o outro ser, apesar de estar inserido no coletivo, precisa ser tratado como indivíduo.

Uma das marcas do curso é o estágio. Por que é importante que os estudantes de Medicina sejam inseridos no cotidiano da comunidade desde o início da graduação?

No ensino tradicional, o aluno entra em contato com o dia a dia da profissão no internato, que ocorre nos dois últimos anos do curso. No curso de Medicina da UniCesumar, isso é trabalhado desde o primeiro ano. O estudante começa a ter contato com a comunidade e com a vida em sociedade, e não com a doença. Então, eles vão para as unidades de saúde conhecer a vida das pessoas e os ambientes que elas frequentam. Assim, ele pode entender a relação das pessoas como grupo e sociedade e de que maneira esses fatores interferem na saúde, seja na qualidade de vida ou no surgimento das doenças.

Isso é importante porque, no ensino tradicional, a Medicina é muito concentrada em hospitais, consultórios, doenças e nos pacientes. No entanto, a pessoa não é um ser isolado. Ele é produto de um ambiente, o que inclusive interfere nas doenças que essa pessoa pode apresentar.

No geral, os alunos que chegam no curso de Medicina são muito jovens e acabaram de “sair para o mundo”. Então, é preciso levá-los a compreender como funciona a sociedade para que eles amadureçam e criem, ao longo dos seis anos de estudo, a empatia necessária para desenvolver de uma forma adequada e produtiva a relação médico-paciente.

Durante a pandemia de Covid-19, alunos do curso de Medicina se voluntariaram para auxiliar na prevenção e no combate da doença. Na sua opinião, qual é o impacto de promover o contato do aluno com realidade de saúde tão séria como essa?

O trabalho voluntário é sempre muito importante. Quando você faz algo que não está na exigência [curricular] e percebe a necessidade de se envolver naquele trabalho, isso é uma oportunidade de crescimento pessoal. Nesse caso [a pandemia de Covid-19], estamos vivendo uma situação atípica e impactante, pois essa pandemia nos afastou uns dos outros. As pessoas estão separadas, tristes e com medo de adquirirem uma infecção grave, que tem alto risco de morte. O aluno, ao participar desse momento, tem a oportunidade não só de aprender a teoria na prática, mas também de amadurecer o pensamento relacionado à importância do profissional da saúde dedicar uma parte da sua vida para auxiliar outro ser humano. Isso está dentro do código de Ética Médica, inclusive. O princípio fundamental da Medicina é a saúde e o bem-estar do ser humano.

A UniCesumar acabou de receber a autorização do MEC para dar início ao curso de Medicina em Corumbá (MS). Na sua visão como coordenadora do curso, quais são os resultados esperados pela Instituição ao oferecer o curso de Medicina para a região?

Um curso de Medicina tem duas funções básicas. A primeira é bem objetiva e racional: formar indivíduos para ser médicos. Mas, junto com essa função, existe uma outra que também é muito importante: promover a modificação de um ambiente. Qualquer curso universitário, quando chega a algum lugar, modifica o ambiente para melhor.

Nós temos em mente que o curso de Medicina da UniCesumar chegará para auxiliar na melhoria das condições de saúde da população. Ao mesmo tempo que nós iremos formar alunos, vamos levar para Corumbá possibilidades acadêmicas por meio de docentes competentes, especialidades e estudos em diferentes áreas. Além disso, ajudaremos na estruturação da atividade médica e paramédica, pois a Medicina traz consigo a necessidade de outros profissionais, como enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas e outros da área da saúde.

Nós esperamos causar essas mudanças. A expectativa é que no intervalo de seis anos, tempo que a primeira turma leva para concluir o curso, essas modificações ocorram por meio de ações promovidas por alunos e professores, melhorando as condições de saúde e bem-estar da população.

Últimas notícias

Categorias