O debate sobre o trânsito de Maringá, ocorrido ontem (24) à noite dentro do I Ciclo de Debates Democracia & Educação, organizado pelo Centro de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas do Cesumar, teve ampla adesão da sociedade. Pessoas da comunidade, estudantes e professores não só lotaram os 420 lugares do Auditório Dona Etelvina como enviaram dezenas de questionamentos para os debatedores.
As pessoas presentes na plateia puderam enviar perguntas e sugestões escritas enquanto quem estava em casa pode acompanhar todo o debate pela Rádio Universitária Cesumar e enviar perguntas pelo Twitter da emissora. Mais de setenta perguntas e sugestões foram dirigidas aos debatedores com a mediação dos professores Gilson Aguiar e Elaine Guarnieri.
O debate começou às 19h45 e se estendeu até às 22h30. Vídeos produzidos por estudantes de jornalismo mostrando os problemas no trânsito da cidade e enquetes feitas com motoristas e pedestres foram apresentados.
No palco para discutir o assunto estavam o especialista em trânsito Luís Riogi Miura, de Brasília e ex-diretor da Secretaria de Transportes (Setran) em Maringá, o secretário de Transportes, Walter Guerlles, o diretor do Sistema Viário, Gilberto Purpur, o diretor de Fiscalização da Setran, tenente Edson Pereira, o comandante da Polícia Rodoviária Estadual, capitão Ademar Paschoal, o chefe do Pelotão de Trânsito, tenente Roberto de França e o médico neurocirurgião Carmine Savarani.
O professor de Direito Cássio Marcelo Mochi fez a abertura do evento e explicou que o objetivo do debate não era apenas levantar polêmica, mas permitir que "estas ganhem uma dinâmica própria da democracia e da educação, dentro de um embate dialético".
O debate teve como preocupação fazer uma análise da violência no trânsito sob vários aspectos, como o comportamento das pessoas, a educação, as normas do setor, a fiscalização e o papel de cada um para mudar a situação.
Muitos pontos foram levantados como responsáveis pelo crescimento da violência no trânsito, como a pressa dos motoristas, a embriaguez ao volante, as políticas que incentivam a compra de automóveis e motocicletas fazendo aumentar o número de veículos nas cidades, a falta de incentivo ao uso do transporte coletivo, a desatenção ao pedestre.
Para o especialista em trânsito, Luís Miura, a culpa não está localizada num único setor. Ele entende que o poder público e a sociedade estão confusos e não conseguem ter domínio sobre ações específicas.
O secretário Walter Guerlles disse que o município tem feito a sua parte, investindo em melhorias no sistema viário e em campanhas educativas, mas que as pessoas estão pouco atentas ao processo educativo que a prefeitura tenta implantar.
Na opinião do tenente França, a educação de trânsito deve ser implanta nas escolas para garantir a formação dos motoristas de amanhã, mas não há como abrir mão de uma fiscalização rígida para conter os abusos.
Segundo o médico Carmine Savarani, que atende pessoas acidentadas, o número de ocorrências cresce muito nos finais de semana e os envolvidos são, em grande parte, jovens que haviam utilizado bebida alcoólica. Ele vê a necessidade de aumentar a fiscalização e educação dentro de casa e nas escolas para os jovens.
Os debatedores foram unânimes num ponto: é preciso aumentar a conscientização das pessoas sobre os perigos do trânsito para a vida de cada um e do próximo. As sugestões são de que todos os órgãos e sociedade devem agir juntos para que efetivamente as mudanças aconteçam.
Neste sentido, o papel da universidade também foi salientado como fomentadora e mediadora dessas mudanças na sociedade.