Dados divulgados no último dia 28 de maio, no Relatório Anual do Desmatamento feito pelo MapBiomas, apontaram que o Cerrado brasileiro ultrapassou, pela primeira vez em cinco anos, a devastação na Amazônia: foram 1.110.326 hectares derrubados na savana brasileira, representando um aumento de 68%, enquanto o bioma amazônico perdeu 454.271 hectares em 2023, tendo queda de 62% em relação ao ano anterior. O estudo é uma iniciativa do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG/OC), produzido por uma rede colaborativa de ONGs, universidades e empresas de tecnologia, e organizados por biomas.
O resultado saiu próximo ao dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. “Precisamos refletir urgentemente nossa relação com o meio ambiente. A pressão por terras para agricultura, pecuária e atividades madeireiras, juntamente com a exploração ilegal, além de queimadas e incêndios florestais associados ao desmatamento causam danos irreversíveis, como a emissão de gases de efeito estufa e perda de biodiversidade. Essas ações ameaçam não só a Amazônia, que detém a maior biodiversidade do mundo, mas também todos os outros biomas brasileiros”, pontua Leandro Ranucci, professor e coordenador da UniCesumar nos cursos EAD em Engenharia Ambiental e Sanitária, Ciências Biológicas e Gestão Ambiental.
Ainda de acordo com o relatório, o Brasil perdeu o equivalente a dois estados do Rio de Janeiro - cerca de 8.558.237 hectares - em vegetação nativa nos últimos cinco anos. “Essa situação, além de impactar diretamente as populações nativas, favorece mudanças climáticas, alterando os padrões de precipitação e eventos climáticos extremos. Esses impactos podem afetar diretamente a agricultura, os recursos hídricos, a biodiversidade e as comunidades costeiras, exigindo adaptação e mitigação dos impactos.” Mudanças nos padrões de temperatura e precipitação podem afetar ainda a distribuição de vetores de doenças, como mosquitos (que, por sua vez, aumentam a incidência de doenças relacionadas ao clima, como malária, dengue, zika e febre amarela), favorecendo o risco de surtos e epidemias.
Como se não bastasse, desastres naturais relacionados ao clima, como enchentes, secas, tempestades e incêndios florestais, causam danos significativos à economia. De acordo com dados do Banco Mundial, o Brasil tem enfrentado um aumento na frequência e na intensidade desses desastres, resultando em custos substanciais para a reconstrução de infraestruturas danificadas, perda de colheitas agrícolas e impactos na saúde e na segurança das comunidades afetadas. “Ainda não se sabe exatamente qual vai ser o custo da tragédia causada pelas chuvas que caíram no Rio Grande do Sul. Mas, para se ter uma ideia, as primeiras estimativas indicam um montante que pode chegar a R$ 120 bilhões só em 2024”, comenta Ranucci.
Todos esses agravantes, para ele, aumentam a necessidade de mudanças de paradigmas e a urgência de repensar o modelo de desenvolvimento urbano e social. “É preciso adotar práticas mais sustentáveis em todas as áreas, desde a agricultura e indústria, até o meio de transporte e consumo. Isso inclui investir em fontes de energias renováveis, conservação de recursos naturais e proteção da biodiversidade. Além disso, é essencial unir forças para enfrentar os desafios ambientais globais, como as mudanças climáticas, por meio da cooperação internacional e da adoção de políticas ambientais mais ambiciosas, que devem ser aplicadas com rigor”, conclui.
Semana do Meio Ambiente
Entre os dias 04 e 07 de junho, a UniCesumar promove a Semana do Meio Ambiente aos colaboradores e acadêmicos dentro da sede da instituição, em Maringá (PR). Dentre as atividades previstas, estão intervenções no campus, palestras e ações como plantio coletivo de mudas. Na Praça do Conhecimento, onde passam centenas de alunos, professores e colaboradores, estão despejados dezenas de sacos de lixo, simbolizando um grande lixão a céu aberto, para chamar atenção da população a esse grande desafio da sociedade. Desde a semana anterior, comunicações estão sendo realizadas com o objetivo de ressaltar a importância de todos zelarem pelo meio ambiente.