O agrônomo da Embrapa-Londrina, membro da Comissão Nacional de Biossegurança (CTNbio), Alexandre Nepo- muceno, afirmou ontem, em palestra no 2º Congresso Interdisciplinar de Saúde do Cesumar, que os produtos transgênicos aprovados no Brasil e outras partes do mundo são cem por cento seguros. Segundo ele, o que garante isso são as profundas pesquisas realizadas antes de serem liberados para comercialização.
De acordo com o agrônomo, pós-doutor pela Universidade de Agricultura do Japão, não há como o Brasil ficar fora disso, sob o risco de atrasar-se ainda mais no processo de produção de alimentos. Segundo ele, os organismos geneticamente modificados já são usados no mundo desde a década de 70, na medicina e na indústria. "Hoje a maior parte da insulina produzida no Brasil passa por processo semelhante ao das plantas transgênicas", informou.
Nepomuceno acredita que as opiniões contrárias a transgenia na agricultura são por falta de informações ou por interesses pessoais movidos por razões econômicas ou ideológicas. Ele lembrou que o Brasil é o único grande produtor de grãos que ainda não adotou a biotecnologia na agricultura de forma livre. "Países como os Estados Unidos, Argentina, Austrália, Canadá adotam há mais de dez anos a tecnologia e até hoje não se verificou nenhum problema ao meio ambiente ou à saúde humana", argumentou.
Para o cientista, a biotecnologia na agricultura é mais uma ferramenta e pode auxiliar a resolver uma série de problemas na agricultura, agregar valor e melhorar a qualidade nutricional de uma série de alimentos. "O Brasil, infelizmente, está atrasado no processo, porque ficamos seis anos na justiça até se liberar definitivamente o plantio do primeiro tipo de soja transgênica, em 2004. Agora temos também um algodão resistente a insetos liberado, mas são os únicos dois produtos", lamentou.
Nepomuceno foi enfático ao afirmar que a tecnologia dos transgênicos veio para ficar. "Todos os países desenvolvidos estão investindo bilhões de dólares em pesquisas na indústria, na medicina, na agricultura e um país que quer um dia se tornar uma potência agrícola não pode ficar para traz, senão estaremos sempre na dependência", concluiu.