Aconteceu no fim de semana duas palestras inaugurais do curso de
pós-graduação em aleitamento materno. A abertura foi feita pelos
coordenadores da pós, Cristiane Gomes e Marcus Renato de Carvalho. Durante
ambos confessaram a felicidade que sentiam ao inaugurar a primeira
especialização em aleitamento materno do país. "Este é um marco histórico",
foi como Carvalho definiu o evento.
Cristiane diz que na graduação dos
cursos de saúde muito pouco é falado sobre amamentação. Então, quando o
profissional se forma e vai para o mercado de trabalho ele se depara com a
mãe com dificuldade de amamentar, e o profissional não sabe lidar. Sabe que é
importante, mas não sabe ajudar. "Esse sonho que estamos realizando seria a
formação do profissional de uma forma mais científica, treiná-lo de forma
prática a fim que ele possa aplicar os conhecimentos na sua realidade de
trabalho."
O curso de pós-graduação em aleitamento materno tem com
objetivo conscientizar sobre a importância da amamentação, preparar
profissionais de diversas áreas para atenderem mães e bebês e estimular a
implementação de políticas de prevenção e apoio a
amamentação.
Recomendação
No sábado, a cerimônia de abertura contou
com a presença da consultora do Ministério da Saúde na área de amamentação,
Elsa Giugliani. Durante a palestra, "o aleitamento materno como política
pública no Brasil: conquistas e desafios", a médica alertou que quanto mais
tarde a criança começa a ser amamentada maior é o risco de morte em recém
nascidos.
Elsa recomenda que as mães amamentem o bebê de forma exclusiva
até o sexto mês. Segundo instruções do Ministério da Saúde, até os dois anos
de idade a criança ainda deve receber o leite materno como complementação
alimentar.
Importância
No domingo, o professor Marcus Renato de
Carvalho proferiu uma palestra sobre o porquê de uma especialização nesta
área. Ele abordou a complexidade que envolve a amamentação. "Amamentar não é
só colocar o bebê no peito. Há muito mais em torno disso. É um ato
psicossomático complexo do mamífero humano". O coordenador também explicou
que amamentação é quando o bebê mama no peito, diferente do aleitamento
materno, quando o bebê pode estar em aleitamento, mas não estar mamando no
peito. Neste caso, ele pode estar recebendo o leite materno por sonda, por
copinho ou mesmo por doação de outra mãe.
Carvalho conta que no curso
haverá uma disciplina sobre o impacto da amamentação na diminuição da
mortalidade em menores de cinco anos. "De várias tecnologias, a amamentação é
a que tem maior impacto em reduzir a mortalidade. Cerca de 13% da mortalidade
poderiam ser evitadas se as mães estivessem amamentando", explica
o professor.
Alunos de onze estados brasileiros irão fazer a
especialização. O curso terá a duração de dois anos com aulas mensais, que
acontecerão às sextas, sábados e domingos de manhã.