Falando sobre as perdas dos produtos agrícolas do campo à mesa do consumidor, os pesquisadores Steven Sargent, da Universidade da Flórida (EUA) e Celso Moretti, da Embrapa de Brasília, fizeram ontem a palestra de abertura da 3ª SEAC – Semana das Agrárias do Cesumar, chamando a atenção dos participantes para um outro problema: a fome que, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO/ONU). assola uma a cada seis pessoas no mundo.
Conforme Celso Moretti, a fome no mundo é um desafio global e torna-se fundamental ver de que forma a ciência e a tecnologia de alimentos podem contribuir para a redução do desperdício de alimentos. Segundo ele, existem estimativas indicando que um terço de tudo que é produzido no mundo é perdido. E enquanto nos países desenvolvidos as perdas ficam entre 5 a 10 por centro, nos países em desenvolvimento são de 20 a 50 por cento.
A origem do desperdício está em vários fatores, como danos mecânicos, calor, umidade, praga, desenvolvimento de micro-organismos, ataque de animais, falta de planejamento, colheita inadequada, transporte ou armazenamento mal feito, expôs o pesquisador, para em seguida dizer que, de modo geral, se produz bem no Brasil e o desperdício começa no pós-colheita.
Experiência americana
O professor doutor do Departamento de Horticultura da Universidade da Flórida, Steven A. Sargent, uma das maiores autoridades dos Estados Unidos nas pesquisas para minimizar a perda de alimentos, trouxe para os participantes do evento uma exposição sobre as últimas tendências nesse mercado americano.
Ele chamou a atenção para uma questão: "pensamos em desperdício como perda total de um produto, mas queda de qualidade também o é". Nesse sentido, disse que a política nos Estados Unidos é pensar no tratamento do produto desde sua origem até chegar ao consumidor.
A maior perda de produtos perecíveis, de acordo com Sargent, acontece dentro dos supermercados. A tendência na Flórida é expor os produtos em pequena quantidade, com muito cuidado e trabalhar com valor agregado, com produtos semiprocessados.
Segundo Sargent, a preocupação maior é sempre retardar o processo de podridão dos alimentos, trabalhando com uma boa qualidade mecânica na colheita, um resfriamento adequado e armazenamento cuidadoso. Os conhecimentos trazidos pelo professor estão sendo repassados aos alunos do Cesumar também em um minicurso que está sendo realizado durante todo dia de hoje.
A Semana
A Semana de Agrárias prossegue até sexta-feira e tem por objetivo debater tecnologias sustentáveis. Na abertura do evento, além do reitor Wilson de Matos Silva e do diretor do Centro de Ciências Tecnológicas e Agrárias, Flávio Bortolozzi, estiveram presentes a presidente da Sociedade Rural de Maringá, Maria Iraclézia de Araújo, o gerente regional da Emataer, César Miguel e o representante da Associação de Engenheiros Agrônomos, André Longen.