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Entrevista: Yoshio Kawakami

"Se existe um investimento que tem um retorno rápido e enorme, é a educação."


Atual presidente da Volvo Construction Equipment Latin America, Yoshio Kawami, é responsável pela atuação da empresa no mercado latino americano. No último sábado (10), ele esteve no Cesumar para ministrar uma aula temática para os cursos de pós-graduação em gestão, compartilhando suas experiências no desenvolvimento de carreira profissional e corporativa, associando orientações práticas sobre o papel da liderança nas empresas. Em entrevista para a EAD Cesumar, falou sobre gestão, carreira e mercado profissional.

EAD - Como o senhor avalia os processos de gestão das empresas brasileiras?
Yoshio - Eu acho que vem melhorando bastante. Muitas empresas brasileiras iniciaram suas atividades com um fundador, que tem muita prática e pouca formação. Hoje a segunda geração já tem uma educação muito aprimorada e eles estão levando esse conhecimento para dentro das empresas. Existem também empresas brasileiras muito bem estruturadas, um exemplo é o Grupo Votorantin, que foi nomeada a melhor empresa familiar do mundo em 2006. Então essas empresas, já são tão boas, quanto qualquer multinacional.

EAD - O que é ser inovador em gestão?
Yoshio - É trabalhar processos. Melhorar a gestão é buscar processos melhores que atendam mais as expectativas das pessoas, obviamente focalizando o fator humano e ter um pouco de audácia, um pouco mais de ousadia em buscar soluções. Esse eu acho que é o grande desafio. As pessoas querem fazer inovação dentro de um escopo limitado, sem quebrar determinados paradigmas, mas em se tratando do mercado atual, dos jovens de hoje, nós precisamos avançar mais rapidamente.

EAD - Como manter um ambiente de trabalho atraente?
Yoshio - Acho que um ambiente de trabalho atraente tem que ser um ambiente aberto, para que as pessoas consigam manifestar seus interesses, suas opiniões e buscar suas realizações. Ele tem que ser desafiador, o que não for um ambiente desafiador acaba esgotando muito rapidamente as pessoas. O que mais desmotiva o profissional é não permitir que ele alcance resultados pelo seu trabalho.

EAD - Em referência ao artigo escrito pelo Sr.: "Empregado ou Associado?", pode nos fazer uma breve explicação entre os dois?
Yoshio - Esse artigo foi uma visão com respeito ao crescimento profissional. Se você quer crescer profissionalmente dentro das empresas, você tem que ser realmente alguém que contribua, que tenha um comprometimento com a organização, com aquele objetivo. Se é uma relação meramente trabalhista, onde você produz e você recebe, tanto na visão do empregado quanto do empregador e não tem a perspectiva de crescimento profissional do funcionário, se ele quer que o funcionário execute naquele padrão e acabou, essa não é uma relação muito boa. Quando entramos numa relação um pouco melhor, também não vale aquela relação paternalista, porque tem empregador que trata os empregados como se fossem todos seus filhos, não dá responsabilidade, não cobra desenvolvimento. Se for uma relação de trabalho para a empresa ser mais competitiva e para o funcionário ser mais competitivo, então existe um comprometimento mais forte e um maior crescimento. Eu sempre comento que nesse aspecto a gente deve buscar o aprimoramento do profissional e não a permanência do profissional. Se ele for bom e for trabalhar em outras empresas ele continua contribuído para a sociedade.

EAD - O que a formação universitária e especializações faz de diferença na carreira profissional de uma pessoa?
Yoshio - Faz uma grande diferença na vida da pessoa. Se existe um investimento que tem um retorno rápido e um enorme retorno é a educação, principalmente a especialização como extensão da formação da pessoa, faz com que ela tenha possibilidade de crescimento, de avançar na carreira, etc. Então eu acho que isso faz uma diferença grande e tem um bom retorno, não tem porque deixar de fazer.

EAD - Quais as principais características que uma pessoa deve ter, para alcançar o sucesso profissional?
Yoshio - Tem que ser honesta, a questão ética é fundamental, não há nada que consiga compensar isso. Outro aspecto importante é você procurar atuar sempre pelo seu lado melhor, deixar de lado as intrigas, as pequenas desavenças, que acabam sendo perda de tempo ao longo da vida e sempre buscar a melhor solução para as pessoas.

EAD- Liderança é uma característica que todo mundo pode adquirir ou fica restrito somente a algumas pessoas?
Yoshio - Pela minha prática, vendo as pessoas que têm posição de liderança, em várias empresas, em várias organizações, a conclusão seria de que praticamente todo mundo pode ser líder, desde que tenha uma oportunidade, desde que se dedique a isso. Tem gente que não gosta, então acho que esses se deslocariam desse escopo. Ser líder não tem nenhum mistério, não vem do céu, é uma coisa que as pessoas podem desenvolver. Uma coisa interessante é que nas empresas a pessoa pode não ter um papel de liderança, por uma série de circunstância, características ou cultura, mas essa mesma pessoa na sociedade tem um papel de liderança muito forte, na comunidade em que vive. Então eu acho que a liderança não é tão inerente as pessoas. As pessoas podem ser líderes em diferentes áreas de atuação, o que faz com que praticamente qualquer pessoa possa ser líder.

EAD - Como o Sr. vê as perspectivas de desenvolvimento econômico do país nos próximos anos?
Yoshio - Eu acho que tem excelentes perspectivas. Nós estamos vivendo altos e baixos, pequenas ondas, pequenas variações, mas o Brasil tem uma perspectiva muito boa. Eu imaginaria os próximos cinco a dez anos, sendo um período extremamente favorável para o Brasil e para quem trabalha nele.

EAD - Como o crescimento da economia pode influir no mercado profissional?
Yoshio - Nós estamos vivendo uma fase de crescimento econômico não muito elevado, e já estamos sofrendo falta de mão de obra em todas as atividades. Na parte de executivos, temos dificuldades, existe uma disputa muito grande entre as empresas, novas empresas entrando, roubando profissionais. Na parte técnica, mesmo no nível de fábrica, começa a existir tanta alternativa de emprego que fica difícil fazer recrutamento. O crescimento econômico ajuda bastante, os níveis de desemprego são os mais baixos da nossa história e acho que estamos em uma situação privilegiada. Isso contrasta muito com a Europa, onde alguns países estão com mais de 20 por cento de desemprego.

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