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Micologia é tema de estudo em pós-graduação de Análises Clínicas

Especialista no assunto fala da relevância dos estudos e diagnósticos dentro da área médica

IMG_1118Os estudantes de pós-graduação em Análises Clínicas e Toxicológicas da Unicesumar tiveram aula nos últimos dois sábados sobre Micologia Clínica com uma das melhores especialistas do Brasil no assunto, a professora doutora Terezinha Inez Estivalet  Svidzinski,  chefe da Divisão de Micologia Médica do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Análises Clínicas da Universidade Estadual de Maringá. Segundo a professora, doutora em Microbiologia e Imunologia pela Universidade Federal de São Paulo, é importante despertar a atenção dos profissionais que vão atuar na área para a relevância das micoses humanas (doenças causadas por fungos) no novo contexto que a Micologia ocupa na medicina moderna. “Nossa preocupação é fornecer subsídios e sensibilizar o pós-graduando para a importância do diagnóstico dessas infecções e capacitá-los para fornecerem orientação a equipes multidiciplinares em seus respectivos campos de trabalho”, disse ela. Confira a seguir as explicações da professora sobre o tema.

Unicesumar - Qual a importância do estudo da micologia hoje em dia?

A área Micologia Clínica ou Micologia Médica é uma área em ascensão no mundo todo. Consenso tirado durante o 6º Congresso internacional “Trends in Medical Mycology”, realizado em Copenhagen no ano de 2013, alerta que as infecções de origem fúngica atualmente são muito frequentes, afetam bilhões de pessoas no mundo e estão entre as principais causas de doenças infecciosas. Em pacientes graves, principalmente atendidos em Unidades de Terapia Intensiva, os fungos estão entre os quatro agentes mais freqüentes e essa freqüência tem aumentado dramaticamente nas últimas décadas; segundo alguns autores, sofreu incremento de mais de 200% neste período.

Unicesumar - O que há de novidade nesta área?

A principal novidade é exatamente a necessidade de valorização dessa área, infelizmente as infecções causadas por fungos são ainda muito negligenciadas. Entre outros focos gostaria de destacar as infecções hospitalares de origem fúngica. Essas são geralmente subvalorizadas, raramente diagnosticadas e, no entanto, as estatísticas mostram que os fungos, especificamente as leveduras estão entre os principais agentes de infecções hospitalares. Além da alta freqüência, essas doenças são graves com taxas de mortalidade superiores a 60%.

Unicesumar - Como a área médica trata este assunto hoje em dia?

A Micologia Clínica ainda é uma área em construção, de modo geral é abordada muito sutilmente nos currículos de graduação aos vários profissionais da saúde e esse fato é responsável pelo cenário atual de negligência dessas infecções. Na maioria das vezes o diagnóstico de uma infecção fúngica é tardio, depois de várias tentativas direcionadas à etiologia bacteriana. Importante destacar que a sintomatologia de uma sepse, por exemplo, é idêntica tanto para origem fúngica quanto bacteriana e que o tratamento é totalmente diferente, justificando a importância do preparo das equipes de saúde.

Unicesumar -  Qual a importância de profissionais bem preparados?

Considero que o principal desafio atualmente é o preparo dos profissionais que atuam nas várias etapas de um diagnóstico e abordagem de uma infecção fúngica. Quero dizer com isso que vivemos atualmente um ciclo vicioso com resultados negativos que precisa ser rompido. Resumidamente: há poucas opções para tratamento de infecções fúngicas, em função dessa pouca variedade, não tem sido valorizada a confirmação laboratorial dessas infecções, uma vez que o tratamento normalmente é empírico. Por  essa razão, os profissionais de laboratório não se sentem motivados a se qualificar e se aprimorar na área, resultando em limitações na confirmação da suspeita clínica (que já é difícil devido à semelhança na sintomatologia dos quadros infecciosos). Para fechar o ciclo, a falta de confirmação laboratorial e de comprovação do perfil de resistência dos fungos, é uma das responsáveis pela desmotivação da indústria farmacêutica em aceitar os desafios e colocar no mercado novas opções terapêuticas visando, sobretudo, diminuir as altas de mortalidade atualmente vivenciadas. Na minha opinião, é preciso investir na qualificação de profissionais nas diferentes áreas, no sentido de romper o ciclo acima, como essa matéria no curso de Pós-Graduação em Análises Clínicas e Toxicológicas. Vejo com satisfação que cursos como este têm motivado os profissionais e já vejo alguma mudança neste cenário.

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