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Professora conclui mestrado em artes, estudando a reutilização do lixo eletrônico


A artista plástica e coordenadora do curso de Artes Visuais do Cesumar, Deborah Kemmer, conclui o seu mestrado em Design, Arte e Tecnologia na Universidade Anhembi-Morumbi, com um trabalho sobre o reaproveitamento do lixo eletrônico. Ela estudou iniciativas existentes e chegou à conclusão que o design e a criatividade são partes ativas nos processos de transformação desse material.

O trabalho trata essencialmente do problema do lixo computacional e das suas possíveis soluções, considerando o advento tecnológico e as suas consequências. Sob o prisma da sustentabilidade, são discutidas ações que buscam minimizar o problema desses resíduos, considerando aspectos sociais e econômicos.

Segundo Deborah, a intenção foi avaliar quais as destinações possíveis desse tipo de lixo e sua utilidade para a sociedade. "Assim, foram analisadas ações que estão sendo implantadas no estado de São Paulo visando um design inventivo e transformador", explica a professora, ao salientar que há poucas publicações sobre o assunto e um escasso conhecimento.
 
Conforme informa no corpo do trabalho, hoje em dia, nem um terço de tudo que é produzido pela indústria de informática é reaproveitado, pois é mais barato comprar um computador novo do que fazer atualização de programas em uma máquina. Com a inovação tecnológica, a vida média de um computador é de menos de dois anos.

Dados da 20ª Pesquisa Anual realizada pelo Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas demonstram que em maio de 2009 a sociedade possuía 60 milhões de computadores em uso no Brasil, uma proporção de um computador para cada três habitantes. Já em 2012, conforme projeção, são esperados 100 milhões de computadores em uso, o que significa uma proporção de um computador para cada dois habitantes.

"Esse fenômeno ilustra a crescente obsolescência de computadores ocasionada pela compra excessiva de modelos mais recentes. Essa situação é oriunda das necessidades do homem de adquirir novos produtos. É necessário compreender que o computador é, atualmente, essencial à sociedade, porém seu descarte não pode existir de modo irresponsável", defende Deborah Kemmer.

O estudo

Os estudos de casos analisaram as experiências da Indústria Itautec de Jundiaí, um  centro de descarte e normas estabelecidas  que se enquadram na metodologia de "Ciclo de Vida de Produtos" por se preocupar com a fabricação do produto e também o descarte, a fim de que sejam encaminhados para  centros adequados de reutilização.

 Também foi analisado o caso do Cedir (Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática), da USP-SP, a qual, sentindo o problema da obsolescência de computadores,  buscou uma posição e adotou a metodologia de "Sistema produto-serviço" para dar tratamento aos resíduos. O centro, instalado em 2009, arrecada mais de 1000 equipamentos por mês e faz o reaproveitamento, destinando a entidades sociais ou reciclagem.

Outro caso analisado de grupo social, que busca ações para solucionar o problema, foi o da MetaReciclagem, um coletivo de pessoas que trocam informações on-line em todo o Brasil, compartilhando experiências como apropriação, remontagem de computadores, 'gambiarra', entre outras ações. "A MetaReciclagem se encaixa na metodologia de 'Comunidades Criativas', de 'Inteligências Coletivas' e de 'Auto-Organização de Sociedades'", explica  Deborah Kemmer.

O caso do Instituto Sérgio Motta também foi estudado e chamou a atenção da pesquisadora por fomentar projetos e debates voltados ao uso criativo da tecnologia e à inovação. "Vimos que há maneiras também de se resolver o problema de forma criativa, com a reaplicação da tecnologia nas artes", explanou Deborah ao esclarecer que este tipo de trabalho se classifica na metodologia de "Comunidades Criativas".

O estudo avançou ainda sobre o caso da Reciclo Metais, empresa particular que, embora vise o lucro por meio do lixo computacional, respeita a questão ambiental, seguindo normas que resolvem, em parte, a obsolescência computacional, obtendo sucesso com a metodologia de "Ciclo de Vida de Produtos".

Análise

Segundo Deborah, analisar as ações que a sociedade tem buscado diante do problema do lixo computacional é de extrema importância, já que se tratam de estratégias metodológicas que têm resolvido em parte o problema da obsolescência.

 "É imprescindível atualmente discutir e avaliar a viabilidade desse modo de produção e de outros destinos apresentados como possíveis ao lixo computacional. No entanto, é necessária uma transformação não só na esfera tecnológica, mas, sobretudo, na social, comportamental, nos hábitos e modos de vida das pessoas para diminuir a obsolência desse tipo de material", conclui.

Assista ao vídeodocumentário produzido pela pesquisadora: Lixo Computacional no Planeta: Um Desafio


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