Com a presença de mais de quinhentos professores, diretores e membros da equipe pedagógica, foi aberta ontem a Semana Pedagógica 2009 do Cesumar. O encontro contou pela manhã com palestras do pastor Marcelo Gomes e do reitor Wilson de Matos Silva, que abordou "A importância do conhecimento na sociedade Contemporânea".
A Semana Pedagógica busca promover reflexões sobre a prática pedagógica dos professores no ensino superior. Segundo a diretora de Ensino, Solange Lopes, o objetivo "é provocar uma reflexão sobre a ação docente e aquilo que precisamos aperfeiçoar". Ela disse ainda que a vinda de importantes educadores, para fazer palestras no evento, visa proporcionar aos docentes a possibilidade de terem contato com outros profissionais, de diferentes experiências, e debater as questões do ensino superior.
O assunto tratado na noite de abertura do evento (segunda-feira) foi "Aprendizagem e Avaliação" e para falar a respeito esteve presente a renomada doutora em psicologia educacional, professora e pesquisadora da Unicamp, Márcia Dias Brito.
Integrante da equipe que criou o Enade e representante do MEC em debates sobre avaliação de ensino fora do país, a professora não só criticou mudanças feitas no sistema de avaliação das universidades brasileiras, que levaram apenas a um ranking de notas, quando deveria ter o objetivo de corrigir deficiências, como também alertou para o sistema de avaliação que ainda hoje persiste dentro das salas de aula e que repete o modelo de séculos atrás.
"O significado de avaliação ainda é cercado por uma série de mitos e muitas vezes ela é usada para punição. Então o estudante estuda muitas vezes não tanto para aprender, mas para se esquivar de uma nota ruim. Para o aluno, avaliação é sinônimo de nota. Mas não é assim que deveria ser. A avaliação deve ser usada para mostrar ao aluno onde ele ainda tem de progredir", disse a professora.
Dentro deste pensamento, Márcia Brito discorreu aos professores sobre formas diferenciadas de avaliação. Conforme observou, a avaliação deveria deixar de tratar tanto o pensamento analítico e trabalhar mais com aquilo que o estudante pode fazer. "Hoje o que se sabe a respeito da inteligência é que não é possível construir provas que a detectem tão bem, por isso as habilidades e competências estão no auge da discussão", disse a pesquisadora.
Conforme Márcia Dias, as provas devem ser mescladas com questões de pensamento prático, crítico e analítico e valorizar também as habilidades criativas do aluno. Ela ainda criticou a falta de sistemas para o aluno desenvolver a autoaprendizagem.
Também analisando as avaliações em larga escala feitas pelo MEC, a professora disse que as escolas não podem preparar os alunos apenas para essas provas, "como vem acontecendo atualmente em muitas instituições".
Programação
A Semana Pedagógica do Cesumar prossegue até sexta-feira, com palestras que vão versar sobre "Avaliação: A prova operatória", com doutor em psicologia educacional pela Unicamp, Paulo Afonso Caruso Ronca, nesta terça-feira à noite; "Avaliação educativa: produção de sentidos com valor de formação", com o titular do programa de Pós-Graduação em Educação pela Universidade de Sorocaba e consultor da UNESCO, professor José Dias Sobrinho, quarta-feira à noite e "Competências Pedagógicas do Professor Universitário", com o doutor em Psicologia da Educação pela PUC-SP, professor titular da PUC-SP e da Universidade Mackenzie, Marcos Masetto, quinta-feira à noite.