Por: Silvio Castro, coordenador de curso. 

Sabia que você provavelmente consome produtos ou serviços produzidos ou ofertados por uma cooperativa? Uma quantidade representativa de pessoas não sabe disso.  O cooperativismo possui uma força econômica enorme.  Se as 300 maiores cooperativas do mundo fossem um país, elas seriam a 6ª maior economia do mundo. Isto porque possui um PIB de US$ 2,53 bilhões. Veja como ficaria essa classificação:

Fonte: Ocergs-Sescoop/RS, (2017) p. 10.
Fonte: Ocergs-Sescoop/RS, (2017) p. 10.

 

Alguns números do Brasil:

Fonte: Ocergs-Sescoop/RS, (2017) p. 11.
Fonte: Ocergs-Sescoop/RS, (2017) p. 11.

 

Mas o que isso significa para o mundo, para a sociedade onde vivo e para mim?

A principal diferença está no significado da própria existência de um empreendimento cooperativo.

A existência de uma cooperativa é de forma “sine qua non”, uma organização de pessoas com a finalidade de resolver ou minimizar problemas. Além disso, criar opções sobre aspectos que efetivamente podem elevar as condições de vida dos seus integrantes (cooperados) por meio de uma atividade econômica. O que se procura em uma cooperativa é melhorar a situação econômica de determinado grupo de indivíduos. Sendo assim, solucionando problemas ou satisfazendo necessidades comuns. A cooperativa é um meio para que um determinado grupo de indivíduos atinja objetivos específicos. Para isso, utilizam um acordo voluntário para cooperação de ambas as partes.

Nesse sentido, uma cooperativa não deve ser confundida com uma organização da sociedade civil voltada a ações sociais e assistenciais sem o desenvolvimento de uma atividade econômica como base. E isso também não quer dizer que não possam existir entidades assistenciais que desenvolvem atividades que visam gerar recursos para atingir seus fins. Inclusive isso é o que se espera.

Uma cooperativa é precedida pelo desenvolvimento e exploração de uma atividade econômica. Ou seja, sem um planejamento prévio daquilo que o empreendimento cooperativo vai desenvolver economicamente.

Voltando ao questionamento inicial desse texto, ao consumir produtos ou utilizar serviços de uma cooperativa, significa que estamos ajudando ou melhorando as condições de vida de um grupo de pessoas, os associados ou cooperados? Isso mesmo! Primeiramente, por meio da própria atividade desenvolvida pela cooperativa para os associados. De forma secundária, pelas possíveis sobras geradas por essa atividade. Sobra, palavra adequada para o empreendimento cooperativo, mas que considero indicar uma significância negativa, prefiro superávit, ou mesmo lucro.

Mas qual a diferença entre uma cooperativa e uma outra empresa que também possui vários acionistas, por exemplo, os empreendimentos que possuem ações na Bolsa de Valores? Afinal, quando você gasta seus recursos adquirindo produtos ou serviços desses empreendimentos não cooperativos, em tese, você também está ajudando um grupo de pessoas, os acionistas. Isso ocorre por meio da geração de lucro e da distribuição de dividendos aos acionistas.

Se você olhar por essa ótica de forma isolada, sem conhecer os princípios universais do cooperativismo, fazer sua escolha de gastos entre um empreendimento cooperativo e um tradicional de capital não tem diferença. Um olhar superficial não revela os diferenciais entre um empreendimento cooperativo ou não. Por exemplo, no caso citado dos empreendimentos que possuem ações na Bolsa de Valores, quanto maior a participação no capital, maior o poder de voto do acionista. Na cooperativa, independentemente do valor que o associado tem de capital, chamado de capital social, o mesmo tem direito a um voto.

E esse aspecto da indiferença é acentuada em nossa sociedade, onde o sistema econômico é baseado no capitalismo. Deixo claro que não estou fazendo uma crítica ao capitalismo, mas estabelecendo um pano de fundo que envolve o que vou esclarecer. Nessa nossa sociedade, as cooperativas acabam por concorrer nos mesmos segmentos dos empreendimentos tradicionais.

As cooperativas convivem em um sistema único de mercado, onde concorrem com outras empresas e até mesmo outras cooperativas do mesmo segmento. A concorrência acontece pela aquisição de insumos, matérias-primas, preço de venda, contratação de pessoal, legislação trabalhista, código comercial etc. E isso acaba por transformar as cooperativas em empreendimentos com uma menor visibilidade de suas singularidades enquanto empreendimento cooperativo. São vistas assim pois estão mergulhadas em um único sistema econômico que, por vezes, não vai de encontro aos princípios do cooperativismo.

Por isso da necessidade em conhecer os princípios do cooperativismo. É preciso conhecer tanto por parte dos associados, quanto do público em geral. E que deve ser preservado pelos dirigentes das cooperativas a fim de que o empreendimento cooperativo não seja descaracterizado.

Nesse sentido, vamos apresentar esses princípios e fazer alguns comentários a respeito de cada um.

Princípio

Descrição

Adesão Voluntária e Livre

 Em geral todas as pessoas têm liberdade de associar-se a uma cooperativa, aptas a utilizar seus serviços e dispostas a assumir suas responsabilidades como sócias, sem discriminação política, religiosa, racial ou de sexo.

Gestão Democrática e Livre

A Cooperativa é administrada democraticamente conforme a vontade dos associados, onde eles quem definem as políticas, missão e visão com base nas necessidades e objetivos estabelecidos.

Participação Econômica dos Associados

Os associados integralizam o capital social da cooperativa, mediante quotas-partes, onde contribuem equitativamente para o capital das cooperativas e as controlam democraticamente.

Autonomia e Independência

As cooperativas são empreendimentos autônomos, controlados democraticamente por seus associados, logo, devem decidir sobre suas atividades, em condições que assegurem o controle democrático por parte de seus sócios e que mantenham sua autonomia cooperativa.

Educação, Formação e Informação

Objetiva o desenvolvimento cultural e profissional do associado e da sua família. A formação, a capacitação e a constante requalificação de associados, diretores, conselheiros, líderes e funcionários (colaboradores) são os objetivos desse princípio. A informação transparente das atividades da cooperativa, a divulgação da Doutrina, da Filosofia e dos Princípios é o caminho para o sucesso.

Cooperação entre Cooperativas

Se os associados se ajudam mutuamente, as cooperativas deverão fazer o mesmo, só dessa maneira haverá um crescimento econômico, cultural e social dos associados e do Sistema Cooperativo.  As cooperativas fortalecem o movimento cooperativo trabalhando em conjunto por meio das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.

Interesse pela Comunidade

As cooperativas contribuem para o desenvolvimento da comunidade com a geração de empregos, produção, serviços e preservação do meio ambiente, mediante políticas aprovadas pelos seus associados.

Diante das adversidades que assolam grupos de pessoas e comunidades, a constituição de uma cooperativa pode ser uma solução viável. Ressaltando inclusive que ela, em nenhum momento, é um movimento contrário ao modelo econômico instalado, mas uma alternativa mais simpática às demandas da sociedade.

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Referências

Ocergs-Sescoop/RS. Expressão do Cooperativismo Gaúcho 2017. 6. ed. Sistema Ocergs-Sescoop/RS. Porto Alegre, 2017.

GAWLAK, Albino. Cooperativismo: Primeiras lições. Brasília: Sescoop, 2004.

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