O que foi a Reforma Protestante?

A Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão que culminou com a publicação de 95 teses de Martinho Lutero em 31 de outubro de 1517. O protesto foi contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica Romana, principalmente, propondo uma reforma no catolicismo romano. Os princípios fundamentais da Reforma Protestante são conhecidos como os Cinco Solas. O resultado da Reforma Protestante foi a divisão da chamada Igreja do Ocidente entre os católicos romanos e os reformados ou protestantes, originando o protestantismo.

Quando ocorreu?

A partir do ano de 1517, após a publicação das 95 teses contra o clero católico por Martinho Lutero. A unidade do pensamento e da estrutura político-administrativa que a religião cristã exercia no continente europeu começou a ser cindida. São conhecidas também todas as dimensões culturais e políticas que nasceram da Reforma Protestante no século XVI, sobretudo nos reinos que compunham o que hoje é a Alemanha. Entretanto, Martinho Lutero e o seu contemporâneo João Calvino, outro importante reformador, tiveram precursores séculos antes. O professor da Universidade de Oxford, John Wycliffe (1330-1384), desferiu duras críticas ao clero católico ainda no século XIV. E ainda, Thomas Müntzer e Jan Huss foram outros proeminentes pré-reformadores protestantes da Europa.

Quem foi Martinho Lutero?

Foi um monge agostiniano e professor doutor de teologia que tornou-se uma das figuras centrais da Reforma Protestante. Dedicou-se por completo à vida no mosteiro. Em 1507, Lutero foi ordenado sacerdote. Em 1508, começou a lecionar teologia na Universidade de Wittenberg.

Rosa ou brasão de Lutero
Rosa ou brasão de Lutero

Em 19 de outubro de 1512, Martinho Lutero graduou-se doutor em Teologia. Em 21 de outubro do mesmo ano, foi “recebido no Senado da Faculdade Teológica” com o título de “Doutor em Bíblia”. Em 1515, foi nomeado vigário de sua ordem, tendo sob sua autoridade onze monastérios. Foi o autor de uma das primeiras traduções da Bíblia para alemão, algo que não era permitido até então sem especial autorização eclesiástica. Autor de vários hinos, sermões e estudos bíblicos.

 

Quais foram as mudanças geradas?

Inúmeros aspectos humanistas. Defesa da escolarização universal e gratuita para as crianças de todas as classes, assim como a proibição do trabalho infantil. A participação ativa das mulheres na vida da igreja, inclusive no ministério, como pastoras. Desenvolvimento técnico e cientifico. Separação da vida eclesial e da vida política laica. A Reforma Protestante serviu também a interesses políticos de fortalecimento do Estado. Os príncipes das monarquias europeias desejavam maior autonomia e poder em relação à Igreja Romana.

Além de pagar menos impostos, os nobres também se beneficiaram do confisco das terras da Igreja. A reforma e seus desdobramentos revolucionaram a Europa durante cerca de um século, gerando impactos profundos na sociedade. Os frutos progressistas da reforma, de um modo ou outro, permaneceram.

Para alguns historiadores, a expansão do protestantismo ajudou a fortalecer o capitalismo no século 16. O sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) publicou um ensaio intitulado “A ética protestante e o espírito do capitalismo”. Segundo Weber, o calvinismo trazia o chamado “espírito do capitalismo”, uma atitude que valorizava o comportamento aquisitivo e a competitividade. A ética medieval católica condena a acumulação de capitais, o empréstimo a juros e propõe a doutrina do “preço justo”.

O protestantismo libertou a burguesia das proibições eclesiásticas em práticas comerciais e bancárias. Já os camponeses viram na Reforma a chance de corrigir injustiças do sistema feudal. Nele, se encontram os ideais da revolução inglesa: federalismo (que começou entre as igrejas calvinistas da Suíça e Inglaterra), a valorização do conhecimento, a separação entre igreja e estado e a ideia dos direitos universais do homem. Os diferentes reformadores e seus seguidores deram importantes contribuições nas áreas da teologia, filosofia, política, sociologia, educação e ética.

Como a imprensa reagiu a isso?

Imprensa e Reforma Protestante são assuntos correlacionados nesse período. O sucesso da prensa de Gutenberg tornou-se realmente intenso no século XVI com a Reforma Protestante empreendida por Martinho Lutero. Os panfletos luteranos, que começaram a ser veiculados em 1517, passaram a ser rodados nas máquinas de prensa (réplicas do modelo de Gutenberg) dos vários principados alemães simpáticos à causa reformista. Essa disseminação dos escritos de Lutero por meio da imprensa começou uma revolução sem precedentes na prática da leitura, haja vista que, antes disso, a demora em se fazer uma cópia à mão de um documento era enorme. Com a impressa, centenas eram feitas em um único dia. A tradução que Lutero fez da Bíblia, do latim para o alemão, também foi impressa nos modelos da prensa de Gutenberg. Isso ajudou ainda mais na disseminação da leitura e na proliferação do protestantismo na Europa.

Como foi o surgimento de novas doutrinas?

Lutero, o grande reformador, ao ler Romanos 1:16 e 17 e perceber que a salvação é pela fé, e que o “justo vive pela fé”, mas também indignado com a venda de indulgências e com a falta de compreensão e de ensinamento bíblico, enviou as 95 teses a seus líderes na Igreja Católica. Lutero combateu as indulgências falando da graça e da salvação pela fé: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9). A Reforma deu origem a cinco pilares basilares do prostestantismo, os cinco “solas” (somente): Sola Scriptura (Somente a Bíblia e toda a Bíblia); Solus Christus (Somente Cristo); Sola Gratia (Somente a Graça); Sola Fide (Somente a Fé); Soli Deo Gloria (Somente a Deus Glória). E o aforismo que resume o ideal da Reforma é: “Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est”, ou seja, “Igreja reformada, sempre se reformando”. O legado da Reforma é que devemos crer e ensinar esses cinco pilares, que são fundamentais para a saúde da igreja e da fé cristã protestante.

Exposição no Museu Unicesumar: uma Bíblia em pergaminho, escrita em bico de pena em alemão coloquial com tradução de Martinho Lutero, de 1599. Na foto, o coordenador do curso, Roney Carvalho.
Exposição no Museu Unicesumar: uma Bíblia em pergaminho, escrita em bico de pena em alemão coloquial com tradução de Martinho Lutero, de 1599. Na foto, o coordenador do curso, Roney Carvalho.

Qual é a relação da Reforma Protestante e o curso de Teologia?

Após 500 anos do início da Reforma Protestante, os desdobramentos e reflexões teológicas a partir do monge Martinho Lutero a respeito de temas religiosos, econômicos e éticos permanecem, em grande medida, atuais, servindo-nos de inspiração frente ao atual cenário de crise institucional e ideológica.

O curso de bacharelado em Teologia, tendo uma cosmovisão cristã protestante, está alinhado para uma formação teórica e prática de líderes religiosos e ministeriais que se identificam com as bases teológicas oriundas da reforma do século XVI. Como nosso objetivo é despertar, nos futuros teólogos e teólogas, uma vida espiritual integral de comprometimento com o saber bíblico-teológico para servirem à evangelização, à pastoral, à pesquisa e ao diálogo da Igreja com a sociedade, nos diferentes aspectos: biossociais, político-econômicos, éticos, multiculturais, científicos e educacionais. Os apontamentos de Lutero ecoam firmes ainda hoje, nos propondo caminhos de diálogos para a transformação da sociedade pós-moderna.

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