Se você sabe das novidades do mundo corporativo, já deve ter percebido que as empresas têm investido cada vez mais em projetos que motivem seus funcionários. Muitas vezes, o caminho para isso é apostar em novas tecnologias, como a gamificação.

Uma das técnicas escolhidas é um conceito simples: encontrar maneiras de transformar tarefas cotidianas em rotinas mais dinâmicas e divertidas. Essa brincadeira tem um nome – gamification, ou, em bom português, gamificação.

Desenvolver softwares que otimizem as tarefas dentro de espaços de trabalho é um novo nicho para profissionais de computação e programação. Parece interessante? Tem vontade de transformar os padrões de processos de um ambiente de trabalho em algo mais lúdico e envolvente? Saiba quais são os maiores desafios da gamificação para o mercado de TI.

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O que é gamificação?

O conceito técnico de gamificação é, essencialmente, utilizar lógicas e dinâmicas de jogos para motivar pessoas. Participando do game, a equipe é incentivada a buscar solução para problemas e aprender coisas novas. O objetivo é levar a reprodução daquelas ações fora da estrutura de jogo. De forma simplificada, é o ato de transformar obrigações em tarefas mais divertidas.

A gamificação não consiste em transformar o trabalho em um grande videogame. O propósito é usar conceitos de jogo na vida real. É o uso de alguns conceitos básicos de game, como pontos, ranking, níveis, recompensas e classes, por exemplo.

É possível deixar a logística mais complexa e aplicar componentes como narrativa, status e times, por exemplo. Tudo para transformar o trabalho em uma atividade motivadora.

A gamificação funciona em diversas áreas, desde educação até recursos humanos, passando por vendas, marketing e treinamentos para diferentes ramos.

https://www.youtube.com/watch?v=brE-9AYXDqw&feature=youtu.be

Como a gamificação funciona?

A gamificação funciona em diversas áreas, desde educação até recursos humanos, passando por vendas, marketing e treinamentos para diferentes ramos. Contudo, é preciso ressaltar que gamificação não é fazer com que o usuário apenas ganhe pontos ou colecione badges. Ela deve envolver o participante em seu processo.

Os jogos são baseados em uma estrutura lúdica cujo objetivo é engajar as pessoas. As características comuns encontradas nos games são:

  • Meta: o objetivo do jogo é claro, os jogadores sabem por que estão jogando e o que esperar da atividade;
  • Regras: limitações e orientações que o jogador deve obedecer para alcançar a meta desejada;
  • Sistema de feedback: sistema que informa ao jogador como está o seu andamento e performance, se está próximo ou distante da meta;
  • Participação voluntária: o jogador tem a liberdade para participar ou não. Assim, é possível aumentar o engajamento e evitar frustrações que a participação obrigatória pode provocar.

De acordo com Steffen P. Walz, autor do livro “The Gameful World”, pontuação não é gamificação. Isso porque os jogos oferecem objetivos, conflitos, narrativas e escolhas interessantes para resultados que podem causar motivação intrínseca nos jogadores.

Alguns conceitos básicos de game, como pontos, ranking, níveis, recompensas e classes podem ser usados como motivadores externos. Mas é preciso que o processo gamificado suporte os elementos citados pelo autor e as 4 características dos jogos.

Assim, a gamificação funcionará adequadamente e proporcionará uma boa experiência aos jogadores, engajando e motivando-os para alcançar os resultados desejados.

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Quais os benefícios da gamificação no ambiente corporativo?

Quando implementada corretamente, pode estimular reações naturais do funcionário, como aprendizado, socialização, competição, autorrealização, altruísmo, comunicação e colaboração. Conheça mais vantagens dessa estratégia:

Incentiva a competição saudável

A competição faz parte da natureza humana e a gamificação trabalha diretamente com essa característica. Ao ter metas, jornadas e prêmios a serem conquistados, o colaborador sente-se motivado para competir, superar os limites e se destacar dentre os demais.

A gamificação mexe com o orgulho do indivíduo, que faz questão de poder afirmar que alcançou um certo patamar.

Aumenta a motivação e o engajamento dos colaboradores

Ao conseguir alcançar o objetivo preestabelecido, o sentimento de conquista é despertado no colaborador. Ele fica satisfeito consigo mesmo, mais confiante, motivado e engajado para continuar ultrapassando seus próprios limites.

Dá um feedback sobre a performance

Com o desenvolver das atividades, o gestor pode ter e dar um feedback sobre a performance de cada colaborador e equipe. O funcionário também pode visualizar facilmente o seu progresso. Dessa forma, o sentimento de conquista está sempre presente, motivando-o a colaborar e a continuar com o seu bom desempenho.

Aumenta a produtividade

A gamificação é uma ótima estratégia para aumentar a produtividade. Ao aplicá-la em treinamentos, por exemplo, o número de colaboradores que finalizam com sucesso esta atividade pode aumentar consideravelmente.

Como consequência, a empresa observará um aumento na produtividade e uma redução nos custos de diversos processos. Isso porque colaboradores capacitados têm um desempenho melhor.

Estimula a colaboração e reconhecimento

É possível pensar em táticas que visem a participação, colaboração e reconhecimento da importância de cada membro do time. Seja um funcionário veterano, seja ele novo na empresa, todos devem ter sua contribuição no processo. Como resultado, a colaboração é ainda mais incentivada no ambiente de trabalho.

Como o profissional de TI pode trabalhar com gamificação?

A aplicação deste método varia de empresa para empresa. Na maior parte delas, entretanto, a aposta é no desenvolvimento de softwares, aplicativos e/ou sistemas que comportem a logística de jogo. Pela especificidade, cada sistema desenvolvido é praticamente exclusivo. Um desafio é pensar em estruturas que contemplem as necessidades de cada negócio.

As opções são muitas. Podem ser desenvolvidos sistemas como:

  • Softwares que contabilizem pontuações dos usuários conforme a produtividade e façam o ranqueamento dos funcionários em diferentes intervalos de tempo (semanal, quinzenal e mensalmente, por exemplo);
  • Programas em que os funcionários troquem pontos por prêmios e recompensas;
  • Quests em que os funcionários precisem desenvolver tarefas extraordinárias em determinado limite de tempo;
  • Formação de equipes virtuais rotativas em que cada funcionário tenha uma função específica;
  • Competições individuais ou coletivas dentro de determinado setor. O critério pode ser quantitativo, através de metas ou por velocidade para entrega do trabalho, por exemplo;
  • Usos que não se restrinjam à produtividade. É possível utilizar a dinâmica de game para motivar funcionários a fazerem cursos on-line oferecidos pela empresa ou manter a atenção em testes de personalidade.

As possibilidades são infinitas. O processo depende das necessidades da empresa e da criatividade, capacidade e habilidade do profissional de TI. O mercado está em expansão e pode ser muito vantajoso para programadores e desenvolvedores.

Segundo uma pesquisa do Grupo Gartner, cerca de 50% das empresas de tecnologia e inovação ao redor do mundo já utilizam gamificação. No Brasil, a área cresce a todo vapor e é muito promissora.

Entretanto, um dos maiores desafios da gamificação para o mercado de TI é a falta de mão de obra capacitada. Em terras brasileiras, são poucos os profissionais especialistas na área.

Quais os desafios da gamificação para o mercado de TI?

Além das já mencionadas falta de mão de obra e dificuldade para mapear as necessidades das empresas, um dos maiores percalços é a falta de divulgação.

Poucas empresas conhecem as técnicas de gamification e quão benéfica a estratégia pode ser para seus negócios. Embora a área esteja em franca expansão no país, muitos empresários ainda têm dúvidas quanto a seu funcionamento e à sua implantação dentro do ambiente de trabalho.

Hoje, existem diversas consultorias especializadas em gamification espalhadas pelo país. Quanto mais profissionais com conhecimento e especialistas no ramo, mais essas dificuldades serão superadas.

Até porque, o potencial é enorme. Aderir à gamificação aumenta a produtividade e a qualidade do trabalho produzido dentro de uma empresa. Consequentemente, os lucros acompanham esse desenvolvimento. É um investimento com alto retorno.

É possível aplicar a gamificação nos processos internos de TI?

Como vimos, o profissional de TI pode oferecer soluções de gamificação para outras empresas. Contudo, também é possível utilizar esta estratégia nos processos internos de TI.

O mercado de TI também pode — e deve — utilizar essa técnica em suas atividades e desfrutar dos benefícios proporcionados.

Uma área que pode usar a gamificação a seu favor é a Gestão de Mudanças. O setor de TI das empresas é sempre impactado por mudanças cada vez mais rápidas. Isso exige que soluções vigentes sejam atualizadas para poder atender às necessidades e expectativas do negócio.

O Gerenciamento de Mudanças deve conhecer cada detalhe das implementações efetuadas e, também, saber como elas modificam os seus processos. Como é um grande desafio, a gamificação pode tornar o processo mais ágil e aumentar as chances de sucesso.

Dentre as diversas vantagens da gamificação na Gestão de Mudanças, podemos destacar:

  • estimula a colaboração entre a equipe responsável pela implementação da mudança;
  • torna os colaboradores mais proativos no processo;
  • incentiva comportamentos necessários para uma mudança bem-sucedida;
  • gera uma visão favorável à mudança;
  • possibilita a simulação de cenários e condutas que deverão ser adotadas quando a mudança for implementada oficialmente.

Gamificação no ambiente corporativo

Como utilizar gamificação no mercado de TI?

Confira algumas dicas para ter êxito com a implementação da gamificação:

Conheça a natureza do jogo

Antes de tudo, é preciso lembrar que o jogo é parte da natureza humana — ele faz com que nos sintamos bem, além de promover a interação social. É fundamental ter isso em mente para que o projeto de gamificação tenha mais chances de sucesso.

Lembre-se que nem tudo pode ser gamificado

Isso mesmo, apesar de a gamificação estar em evidência, nem toda atividade pode ser gamificada. Forçar a inclusão de elementos de jogos em um processo ou tópico que não é capaz de suportar a gamificação não trará resultados.

Identifique as fraquezas da empresa

Identifique os pontos fracos do negócio: colaboradores desmotivados, produtividade e vendas em queda, baixa qualidade de atendimento, entre outras questões. Com essas informações em mãos, você poderá priorizar os problemas a serem resolvidos.

Defina os objetivos a serem alcançados

Quais resultados a empresa deseja obter com a gamificação? Aumentar as vendas, reduzir turnover, otimizar o tempo de desenvolvimento do projeto ou promover a realização de um treinamento? Antes de tomar qualquer outra decisão, deixe bem claro os seus objetivos.

Elabore seu plano e faça testes frequentes

Elabore um plano para saber como transmitir a experiência aos seus colaboradores. Sempre que possível, consulte profissionais especializados em desenvolvimento de jogos e não somente profissionais de marketing.

No desenvolvimento do seu projeto de gamificação, invista na interação entre os participantes e não somente no acúmulo de pontuação e conquistas. Tenha um bom conhecimento do seu público-alvo e realize testes em grupos pequenos. Com os resultados, faça os ajustes necessários antes do lançamento oficial do projeto.

Não se esqueça de acompanhar o andamento da atividade gamificada, coletar feedbacks e verificar os resultados.

Qual graduação cursar para trabalhar com gamificação?

Para quem se interessou pela área de gamification, existe uma gama de cursos na área de TI que podem contemplar seus objetivos. Se você busca um bacharelado, pode optar por grades como as de Ciência da Computação, Sistemas de Informação e Engenharia da Computação.

Já quem se encaixa mais em graduações tecnológicas (aquelas mais enxutas, voltadas para a inserção no mercado de trabalho), tem mais algumas opções. Procure saber sobre tecnólogos como Desenvolvimento de Aplicações para Internet, Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Gestão da Tecnologia da Informação, Jogos Digitais, Sistemas para Internet, entre outros.

Vale lembrar que a maior parte dessas graduações está disponível também como curso superior EAD. Assim, você pode estudar e entrar para a área de TI – e de gamification – sem sair de casa, estudando de acordo com seus horários e sua disponibilidade.

Qual pós-graduação em gamificação fazer?

Para os profissionais que já conquistaram seu diploma de ensino superior em TI, existem algumas opções de pós-graduação em gamificação. No Brasil, algumas poucas instituições oferecem especializações na área.

Outra opção são cursos livres e workshops que abordam a temática. Eles são oferecidos por escolas de tecnologia e, ocasionalmente, por escolas de comunicação. Cursos rápidos podem ser uma boa maneira de obter um embasamento básico sobre a área.

Algumas pós-graduações em marketing digital, mídias sociais e outras tecnologias aplicadas à comunicação também são bons caminhos iniciais para quem está começando a trajetória em gamificação.

Para quem tem interesse em dar aulas, já existem diversas teses de mestrado e doutorado em TI que abordam o tema e abrem caminhos para pesquisas na área.

 

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