Em 1945, após o fim da guerra, o Japão estava devastado. Havia sido atingido por duas bombas atômicas e acumulado muitas dívidas. Neste momento desolador, a indústria do país se viu em uma situação desesperadora, diante do desafio de vender seus produtos a outros mercados por preços menores, porém com qualidade igual ou superior.

Diante desses fatos, o engenheiro e professor japonês Kaoru Ishikawa decidiu apostar em duas características importantes de sua cultura: a disciplina e a educação, para criar um programa muito simples chamado 5 Sensos. Ele descreve cinco palavras de simples memorização (descarte, organização, limpeza, higiene e ordem mantida). As palavras poderiam ser aplicadas em qualquer empresa, de qualquer tamanho e segmento, causando grande impacto por meio de pequenas mudanças.

Em um momento posterior, W. E. Deming, Shewhart, Joseph M. Juran e novamente Kaoru Ishikawa revolucionaram a qualidade como conhecemos hoje. Juntos lançaram o conceito de Controle Total da Qualidade, que ao invés de encontrar e eliminar as peças defeituosas, buscava evitar que os defeitos acontecessem. Dessa forma, deveriam ser eliminados todos os itens que não agregassem valor ao produto: desperdícios de tempo, movimentações, troca de ferramentas, contaminações, estoques internos, defeitos, falhas e inspeções.

Após algumas décadas, o Japão superou totalmente a má fase e passou a concorrer no mercado mundial e inclusive apresentar qualidade superior a outros países. O que demonstrou sua grande relevância econômica, graças às características de qualidade dos seus produtos.

Os japoneses foram os primeiros a criar sistemas de qualidade que não dependiam de um departamento específico e sim enfatizavam a cooperação de todos os funcionários da empresa. Os negócios passaram a calcular os custos da falta de qualidade e pensar em como resolver esse problema, não apenas eliminando o produto defeituoso, mas sim evitando que a falha ocorresse, buscando focar os investimentos em prevenção e não em correção de falhas.

A qualidade no momento atual

Voltando a atualidade, estamos enfrentando uma pandemia mundial. O novo coronavírus (Covid-19) está gerando um cenário de incertezas e crise, trazendo medo e insegurança, mas também muitas oportunidades. Assim como ocorreu no Japão após a Segunda Guerra, devemos aproveitar o momento para reflexão e ação.

Como eu, profissional da qualidade, posso me comportar neste momento? O que devo esperar do futuro, como devo agir hoje para eu e minha empresa estarmos preparados? Uma resposta já temos, a mudança é um fato. Mudanças devem acontecer nas relações de trabalho e consumo, relações pessoais, os padrões de higiene do mercado – e não podemos esquecer também de atualizar todas as análises de risco para incluir a possibilidade de passarmos por uma nova pandemia.

Os processos de muitas empresas deverão ser modificados. Devem ser incluídos itens de boas práticas de higiene, distanciamento entre clientes, proteções para funcionários expostos ao risco e outros. Sem contar com aqueles que tiveram que incluir, às pressas, a modalidade delivery em suas atividades. Eles também passaram a ver as redes sociais, aplicativos e sites como oportunidade de negócios, realizando em poucos dias o que o mercado já sinalizava há anos.

Preocupação que deve ser levada adiante

Mais do que nos preocuparmos com números de vítimas, já que somos bombardeados com essas informações o tempo todo, e claro, são importantíssimas, devemos voltar nossos olhos para as tendências que podem nos levar à superação. Provavelmente, o setor de serviços de auditoria e consultoria aumentará suas demandas para ajudar as empresas a enfrentarem esses momentos.

Portanto, volte sua mentalidade para o crescimento e desenvolvimento. Aprenda a cada dia, observe seu mercado, sua empresa e o resto do mundo. Aproveite o tempo livre para a sua capacitação e, quem sabe daqui algum tempo, você será um dos responsáveis por uma nova era da qualidade.

*Prof. Caroline Wolf Schipfer – Curso de Gestão da Qualidade

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